Toda a Mente tem uma Voz... e toda a Voz tem uma Mente...



sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Sem remédio

Aqueles que me têm muito amor 
Não sabem o que sinto e o que sou ... 
Não sabem que passou, um dia, a Dor 
À minha porta e, nesse dia, entrou. 


E é desde então que eu sinto este pavor, 
Este frio que anda em mim, e que gelou 
O que de bom me deu Nosso Senhor! 
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!! 

Sinto os passos da Dor, essa cadência 
Que é já tortura infinda, que é demência! 
Que é já vontade doida de gritar! 

E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio, 
A mesma angústia funda, sem remédio, 
Andando atrás de mim, sem me largar! 

Florbela Espanca