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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Viagem


Há uns dias tive uma conversa muito produtiva. Sim, há conversas que são bastante produtivas, embora não se retirando nada de extraordinário das mesmas, que foi o caso. Mas, a conversa não foi produtiva pelo discurso filosófico do meu interlocutor. Mas sim, porque descobri que, de facto, até tenho uma capacidade fantástica de conseguir estabelecer um diálogo com alguém, que ao fim de longos dez minutos, se  tornou  em monólogo (a dois)!!!! Pois fiquei completamente “out”, com o contante pensamento “help I need somebody”, sim! Só me ocorria o refrão da letra duma música dos afamados Beatles.

Outros tantos longos minutos passados, dei por mim a “viajar”, esqueci por completo o meu interlocutor, que pela parca recordação que tenho, até proferia umas frases pomposas, daquelas, a que quase todos nós recorremos, quando queremos causar boa impressão, mostrar que afinal até sabemos umas coisinhas, somos cultos, e que a maioria das vezes desconhecemos o autor, ou pior, não percebemos patavina do seu verdadeiro significado.

A “viagem” foi fantástica, recuei no tempo, no tempo em que, outrora, pensava que a vida tinha muito para me oferecer, que a poderia moldar, e que o futuro era algo ainda muito longínquo. Para isso bastava ser persistente e principalmente acreditar. Tudo estava ao meu alcance. Como tinha sonhos… sim SONHOS, e uma força interior inimaginável, que batalhava para concretizar cada um deles.

O tempo é célere, foi passando, e essa força, esses sonhos, foram-se desvanecendo com ele. Como estava enganada! Como fui ingénua! Como não fui capaz de perceber e permiti que a vida me pregasse essa rasteira!

Ali sentada, olhando para o meu interlocutor tive a percepção, que os sonhos e a sua força também tinham partido, mesmo assim, evitou dar o mínimo sinal de tal partida.

Para ele foi uma “conversa”, para mim uma “viagem” necessária.

Mente