Num impulso de desespero, sem pensar, partiu para o
desconhecido, embarcou para uma aventura com meia dúzia de peças de roupa, uma
pequena mochila, uma tenda de campismo e apenas vinte euros no bolso. No
momento, o que queria era fugir de tudo e de todos, já não aguentava mais as
vicissitudes da vida, queria paz, paz interior, encontrar-se como pessoa, era
isso que ela mais queria… encontrar-se. Não fazia a mínima ideia de como seria
o seu percurso, como iria sobreviver, o importante era se afastar, encontrar um
refúgio em si mesma. Durante semanas pôs à prova os seus limites e a sua capacidade de sobrevivência,
privou-se de todas as condições mínimas ditas “necessárias” para viver, passou
por momentos terríveis, de perigo, medo e desespero. Dormiu ao relento, passou
fome e frio, muito frio. Conheceu o outro lado da vida, o da privação, o do nada! Apenas
podia contar com uma única pessoa, ela própria…
Muito se podia relatar sobre a sua passagem pelo
desconhecido, mas o importante foi a aprendizagem que retirou daí, aprendeu a valorizar coisas que até então considerava insignificantes, a dar importância apenas àquilo que verdadeiramente é importante e, sobretudo, que
para viver não é preciso muito. Hoje ela sabe como é bom ter um
teto, uma cama, um cobertor para se aconchegar, uma refeição quente diária e um banho de água quente…
Se se arrependeu?!! Não! Ela voltaria a fazer tudo de novo…
Mente