Disseste-me que estava igual, que os anos nem pareciam ter passado por mim, que em ti, ainda vias aquela miúda com quem tinhas uma grande cumplicidade, partilhado quase toda adolescência, as conversas mais íntimas, as gargalhadas, os disparates que fazíamos, a música que partilhávamos, as cassetes que me gravavas, quase sempre do teu grupo de eleição, os Marillion. O gosto e ansiedade que tínhamos por ler a revista mensal Blitz, que já conta com quase 30 anos de existência, e que pude comprovar que ainda hoje te manténs fiel à compra da mesma, guardando religiosamente todos os exemplares editados até então. As nossas conversas sobre os teus dotes futebolísticos e clube do coração, e a minha implicância com os jornais desportivos, que fazias questão de andar com eles debaixo do braço, em substituição dos livros e cadernos escolares que ficavam em casa.
Foi bom relembrar esses tempos, de inocência, alegria e de muita esperança, tudo era simples e genuíno. Foi bom ter visto e confirmado que continuas a mesma pessoa, fiel aos teus princípios, muito humilde e sonhadora.
Daquela miúda que conheceste pouco ou nada resta, tornou-se uma mulher muito sombreada. Com o decorrer dos anos o sorriso esbateu-se, as gargalhadas e a alegria da vida deram lugar à tristeza e à latente falta de vontade de continuar a luta. Essa miúda que conheceste deixou de acreditar num amanhã esperançoso, cujo, o sonho há muito deixara de fazer parte da sua vida…
Mente