Toda a Mente tem uma Voz... e toda a Voz tem uma Mente...



domingo, 30 de outubro de 2011

Saudade




Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.
Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.
Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.
Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...
Pablo Neruda, in "Crepusculário"

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Tudo quanto Sonhei se Foi Perdido




O que sonhei e antes de vivido
Era perfeito e lúcido e divino,
Tudo quanto sonhei se foi perdido
Nas ondas caprichosas do destino.
Que os fados em mim mesmo depuseram
Razões de ser e de não ser, contrárias,
Nas emoções que, dentro em mim, cresceram
Tumultuosas, carinhosas, várias.
Naqueles seres que fui dentro de um ser,
Que viveram de mais para eu viver
A minha vida luminosa e calma,
Se desdobraram gestos de menino
E rudes arremedos de assassino.
Foram almas de mais numa só alma.

Francisco Bugalho, in "Dispersos e Inéditos"

domingo, 9 de outubro de 2011



Palavras tornam–se ocas quando carecidas  de atitudes…     
Mente    

Desilusão!!!


(Net)
Guardo em mim alguma revolta, tristeza e desilusão por confiar e acreditar em alguém que julgava ser sincero nas palavras e nos  atos. Do nada, e sem qualquer intenção, descubro que afinal tenho andado enganada. A culpa não a posso atribuir à pessoa em questão, mas só e apenas, a mim que acreditei, talvez tivesse criado alguma ilusão expectativa de que as pessoas mudam, que aprendem com os erros do passado. Neste caso, só espero que quem aprenda seja eu própria, não voltar a acreditar….
Mente

sábado, 1 de outubro de 2011

Eu



Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...

Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"